Arroz biofortificado Uma revolução silenciosa está acontecendo. Embaixo da terra, no centro do Brasil, crescem as sementes que podem criar um mundo mais saudável, sem doenças. Um mundo sem fome. A revolução também está sendo armada em laboratórios, estufas, galpões, centros de estudo e cozinhas. Uma revolução que vai mudar a sua vida a partir do que você come. O Brasil é um dos dez maiores produtores de arroz do mundo. Na mesa do brasileiro não pode faltar justamente o arroz com feijão, que é uma combinação muito boa em proteínas vegetais, ferro e fibras. Mas essa nossa tradição culinária, saudável e barata, está desaparecendo. O brasileiro está consumindo cada vez menos arroz e feijão. Para reverter essa tendência, os cientistas estão trabalhando em arroz e feijão com maior valor nutritivo. E não apenas arroz e feijão, também há pesquisas sendo feitas com aipim, milho e batata-doce. Mais de 20% do nosso povo sofre de anemia. Por falta de alimento ou porque se alimentam mal, cerca de 36 milhões de brasileiros correm mais risco de doenças. No organismo deles, falta, principalmente, vitamina A, ferro e zinco – elementos que os cientistas dizem ser possível colocar ou aumentar no milho, na mandioca, na batata-doce e, principalmente, no arroz e no feijão. Eles misturam o melhor de cada tipo de arroz e de cada tipo de feijão, fortificando o grão. Só de feijão, existem 12 mil tipos diferentes. Arroz, são mais de 11 mil. Veja como a ciência dá uma forcinha à natureza. A experiência acontece numa estufa da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa) em Goiás. Duas espécies diferentes de arroz vão ser cruzadas. O arroz contém tanto o elemento macho quanto o elemento fêmea. Nas pontas, está a parte masculina. Elas são cortadas. "A gente cobre com um saquinho para não pegar pólen de outra espécie", explica um técnico. O pólen, que fecunda a parte feminina da planta, é separado. A parte macho é posta ao lado da parte fêmea, que deve ser meio tímida, pois a paquera leva algumas horas. O técnico faz a polinização. O arroz que nascer será mais resistente e mais econômico. Que tal pães, bolos e macarrão feitos de arroz? Isso mesmo: arroz. Primeiro, o arroz é colocado numa máquina para ser moído e virar farinha. A farinha é misturada com água, sal e emulsificante, que retém as propriedades nutritivas. A farinha pode ser enriquecida com vitamina A, zinco e ferro. "Substituindo o trigo ou não – parcialmente ou totalmente – por um produto que teria uma condição nutricional melhor, estaríamos trabalhando com arroz biofortificado, com maior concentração de ferro e zinco. Portanto, ofereceríamos algo mais à população", diz o pesquisador da Embrapa José Luiz Viana de Carvalho. O arroz biofortificado pode fazer muito mais do que apenas um pão melhor para a saúde. Em outra máquina, a farinha se transforma em macarrão. E dos milhares de tipos de arroz é possível fazer, por exemplo, rocamboles – doces ou salgados. Uma salada foi preparada com arroz negro. Mas e o outro lado da dupla, o feijão? |
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